O espaço que agora existe disponível «na entrada para a gruta» nas Grutas de Mira de Aire, passará, «se tudo correr bem, até ao final do ano», a ser a Casa do Conhecimento para Interpretação Ambiental e Cavernícola. «Será uma forma de as pessoas ocuparem o tempo enquanto estão à espera para entrar na gruta», começa por explicar o presidente do conselho de administração, Carlos Alberto Jorge. A execução deste espaço terá a «colaboração da Sociedade Portuguesa de Espeleologia e da Associação Nacional de Biologia, estará envolvida a bióloga Sofia Reboleira e vários professores e pessoas com muitos conhecimentos na área da Espeleologia e do regimento das águas na nossa região», esclarece ainda o responsável.
Nesta “Casa” vai ser possível «ficar a conhecer como funcionam as Grutas e tudo o que as envolve, inclusive farão parte deste espaço aquários, ou pelo menos ilustrações, com algumas espécies que habitam no interior da gruta. «São muito mais [espécies] do que as pessoas possam imaginar e têm um forte impacto no equilíbrio do regimento das águas. Aqueles “bicharocos” que podemos pensar que são prejudiciais, não são, são eles que se encarregam de purificar as águas subterrâneas», salienta. Entre outras coisas, neste espaço estará também exposta uma «estalagmite cerrada», acompanhada de informações que vão permitir perceber a sua evolução: «A evolução da temperatura ao longo dos milénios, para ver, por exemplo, como é que aquela formação estava no início da Era Cristã, como estava quando Portugal chegou ao Brasil, as pessoas vão perceber o quão lento foi o crescimento», refere. «Todos estes conhecimentos vão estar bem documentados e vão enriquecer a visita», considera o presidente.
Este era um projeto que já estava “na gaveta”, mas que avança agora porque existem «parcerias mais concretas com entidades» que podem ajudar. Para Carlos Alberto Jorge, tudo o que se possa criar e inovar «para trazer mais pessoas e criar condições» é bem-vindo, acreditando que este espaço pode trazer outro tipo de público às Grutas. Neste momento, «está-se a fazer a limpeza do espaço» para depois avançar com o projeto. Uma das mais-valias que esta Casa do Conhecimento terá, no entender do presidente do conselho de administração, é a cobertura «feita com painéis fotovoltaicos». «As grutas de Mira de Aire que já têm cerca de 30 painéis, irão passar a ter um número consideravelmente superior para produção de energia», frisa Carlos Alberto Jorge. Este novo espaço será também ele «um Centro Ecológico».
Foto | Catarina Correia Martins