Em junho de 1973 nascia uma das empresas portomosenses que, durante as décadas que se seguiram, viria a revolucionar por completo a paisagem arquitetónica do nosso concelho. Pela mão do seu fundador, Adriano Vala, foram mais de 300 os apartamentos erigidos só na vila sede. Como tudo começou? A história é relativamente simples de explicar, mas para isso temos que recuar meio século no tempo. Adriano Vala era um jovem acabado de sair da escola, como tantos outros rapazes na altura, que se dedicou à procura de emprego. As obras, então, apareceram e deram-lhe a oportunidade que precisava. Até aos seus 30 anos laborou e aprendeu com diversos “mestres” e, quando o seu “tempo” finalmente chegou, decidiu abrir uma empresa por conta própria, estabelecendo-se.
Há 50 anos, recorda o proprietário, não havia falta de quem quisesse trabalhar. Tal como a sua geração, também os jovens que terminavam ou desistiam da escola procuravam sustento neste ramo. Chegavam até si «aos 10 e aos 15 jovens de cada vez», ansiosos por dar os primeiros passos profissionais. Ao todo, chegaram a ser 35 os empregados da Vala & Vala e as empreitadas nunca cessaram: «Tive sempre muitos empregados e muito trabalho, não posso dizer que tenho razões de queixa, felizmente. Tinha pessoal com fartura e fiz montes de obras».
Eleger a primeira empreitada desde que trabalha por conta própria não é tarefa fácil já que, como frisa, «50 anos não são propriamente dois dias», mas há um par delas que rapidamente lhe vêm à memória quer pela dimensão, quer pela complexidade: «A maior obra foi a do prédio do Pão Quente [onde atualmente se encontra a Padaria Heleno – Dom Fuas] e a mais complexa… Bem, essa é uma história engraçada. Eu era sócio de uma pedreira nos Moleanos e foi lá que encontrei a obra mais complicada da minha vida. Tratava-se de um local de exploração com uma profundidade de uns 30 metros e que em toda a volta não tinha vedação, imagine-se o perigo que representava para os funcionários… Então fui ter com o proprietário, que me encomendou o trabalho, e coloquei aquela vedação enorme para se garantir a segurança». Assim como há cinco décadas, trabalho é algo que não lhe falta, mas a escassez de mão de obra no setor, fator que adjetiva como «uma crise terrível […] porque Portugal é agora um país de doutores», faz com que Adriano Vala se dedique sobretudo a obras de uma menor escala. É precisamente por este motivo que neste momento só tem três funcionários nas obras consigo. E «quantas mais pessoas houvesse para trabalhar, mais ativo estaria», afirma perentoriamente, porque «todos os dias há quem procure a Vala & Vala», mas o empresário está ciente de que «não vale a pena aceitar para depois não cumprir». Na sua ótica, «mentir ao cliente é que não», e tem sido graças a esta premissa que tem conseguido, com o passar do tempo, conquistar a confiança daqueles que procuram os seus serviços. «Há um indivíduo, por exemplo, que me encomenda muitas obras e que me diz que o que paga é o que for para pagar… Tem confiança e sabe que o trabalho fica bem feito», diz com satisfação.
Nascido e criado há 80 anos em Fonte dos Marcos, é também nesta localidade que reside e de onde diariamente “parte” para a sua loja, em Porto de Mós, que é co-gerida pela sua esposa, Helena Vala, há 30 anos. Pelo caminho, ambos deparam-se com vários dos trabalhos de construção da Vala & Vala, o que lhes traz um sentimento de «orgulho». «Olhar [hoje] para Porto de Mós traz-nos um sentimento de dever cumprido», sublinha o casal.
Quem pelo número 28 da Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro passar e por lá quiser parar para solicitar orçamentos, comprar tintas ou obter qualquer outro tipo de informações, encontrará, de segunda a sexta-feira (das 8h30 às 12 horas e das 14 às 19 horas) e também aos sábados de manhã (desde as 9 às 12 horas) Adriano ou Helena Vala que, sempre de sorriso no rosto, se prontificarão a ajudar.