O presidente do Município, Jorge Vala, aproveitou o facto da reunião de Câmara descentralizada se realizar este mês na União de Freguesias de Alvados e Alcaria, para apresentar aos vereadores e público presente, o projeto referente ao espaço de contemplação do “Vale Encantado” a construir junto às Grutas de Alvados.
De acordo com o autarca, trata-se, sobretudo, de «um projeto de requalificação já que há ali uma zona que não está tratada e que aparenta, até, algum abandono». «Além de tratarmos esse espaço, queremos também organizar aquele cruzamento», adiantou.
De acordo com a memória descritiva assinada pelo arquiteto portomosense, Eusébio Calvário, «o tratamento do espaço de contemplação tem por princípio estabelecer relação com as principais características da freguesia e estabelece uma ponte entre o interior da gruta e o exterior». O miradouro a construir, talvez o elemento mais relevante do conjunto, «pretende ser um ponto de interesse para os locais e visitantes, proporcionando uma experiência, um contemplar da paisagem, um absorver do silêncio e do espaço, pautado pelo chilrear dos pássaros e dos ventos sobre os elementos naturais».
As linhas serpenteantes dos blocos de pedras e vegetação terão início junto às Grutas, contornando a paisagem e inspirando-se de algum modo nas gotas de água que fazem irromper estalactites e estalagmites. A heráldica da freguesia é inspiradora de um outro espaço, uma eira na qual será instalado um relógio de sol, existindo assim uma ligação simbólica entre os vários elementos, dominada pelo tempo (o que assistiu ao aparecimento dos elementos que constituem as grutas, o outro, muito mais recente, a remeter para um passado de há décadas ligado à agricultura, e o imediato, aquele que cada um poderá ali passar a contemplar o “Vale Encantado”).
Sendo o miradouro um lugar de passagem, na zona superior será construído um parque de estacionamento em círculo, novamente uma alusão à forma das estalagmites, «criando uma paisagem mais coesa, e permitindo uma utilização mais integrada no meio natural». Na zona inferior irá nascer «uma estrutura metálica que nos remete para as cascatas existentes na Fórnea, e da chuva, elemento este, fundamental para as belas formações rochosas, lê-se, ainda na memória descritiva do projeto.
Em suma, adiantou Jorge Vala, «houve o cuidado de criar um espaço de contemplação sem ferir a paisagem e sem que possa prejudicar aquilo que é natural e que permita que quem passa, pare e observe o “Vale Encantado” e usufrua daquele espaço verde», partindo depois para a descoberta do restante território.