Início » Venda de automóveis novos caiu para níveis de 2014

Venda de automóveis novos caiu para níveis de 2014

25 Janeiro 2021
Isidro Bento

Texto

Partilhar

Isidro Bento

25 Jan, 2021

Há muito que não se viam números assim. É preciso recuar até 2014 para encontrar no mercado de automóveis ligeiros de passageiros e pesados novos um número tão baixo de vendas. Dados avançados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP) apontam para uma queda de 33,9% (35% em termos de veículos ligeiros) face a 2019. De acordo com Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, «tudo indica que será a segunda maior queda de mercado da União Europeia (UE), depois da Croácia. A UE no seu conjunto deverá ter uma redução de 25%».

Para Hélder Pedro, entre os fatores que justificarão tão significativa redução estará a queda ao nível de um dos canais mais importantes para o comércio automóvel, o do rent-a-car, que vive essencialmente do turismo. Ora, com a pandemia e o confinamento este canal teve uma descida de mais de 70%.

O responsável da associação empresarial que representa a globalidade do setor automóvel em Portugal avançou estes e outros números no decorrer de um webinar promovido pela Standvirtual, a maior plataforma de venda online de veículos usados, em parceria com a ACAP, destinado a fazer o balanço da atividade durante 2020.

Em fevereiro os números até eram animadores, havia uma tendência de crescimento mas assim que a pandemia chega ao país dá-se uma queda significativa ao nível das vendas, refere. «Em maio, o setor foi um dos primeiros a voltar à atividade mas não trouxe uma corrida aos stands. O mercado só começa a recuperar no período de agosto a outubro mas depois dá-se outra retração o que leva a acabar o ano com uma descida de 35% do mercado automóvel», diz.

Olhando para as vendas constata-se que entre os ligeiros, 44,2% são veículos a gasolina e 32,8% a gasóleo. Portanto, a tendência de redução de vendas de veículos novos a gasóleo verificada nos últimos três a quatro anos confirmou-se em 2020 e espelha bem a alteração de mercado já que o gasóleo chegou a representar 70% das vendas no mercado automóvel em Portugal, frisa Hélder Pedro.

Os carros elétricos têm vindo a ganhar adeptos entre os portugueses e já possuem uma quota de mercado de 5,4%. O elemento da ACAP lamenta que, ao que tudo indica, o Governo vá manter o mesmo nível de incentivos do ano passado quando vários outros países europeus estão a aumentar as ajudas a este nível. Mesmo assim, atualmente, Portugal é o quarto país da UE com maior percentagem de vendas de elétricos, o que é significativo tendo em conta que «há países com um PIB per capita bem maior mas que estão numa posição mais baixa». Os híbridos plug-in e convencionais correspondem a uma fatia de mercado de 8,2%.

Apesar da queda global do mercado houve comportamentos diferentes. A venda de carros elétricos aumentou 13,8% em 2020. Os carros a gasolina tiveram uma retração de 41,7% e os a gasóleo 46,9%. Já os híbridos tiveram um crescimento acima dos 100%.

Ao nível dos motociclos a pandemia teve um efeito inicial negativo mas com a reabertura do mercado as vendas começaram a aumentar e o ano terminou com uma queda de apenas 5,2% portanto muito abaixo daquilo que aconteceu com os carros ligeiros. Para Hélder Pedro, o aumento crescente do número de vendas a partir de agosto quererá dizer que «as pessoas começaram a procurar meios alternativos aos transportes públicos e os motociclos foram uma das soluções escolhidas».

Finalmente, os veículos usados importados tiveram também uma queda em 2020 mas abaixo do mercado dos novos. Durante o ano essa descida foi de 26,7%.

Pub

Primeira Página

Em Destaque