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Município de Porto de Mós lança coletânea com as primeiras atas do poder local no pós-25 de Abril

9 Maio 2024
Luís Vieira Cruz

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Luís Vieira Cruz

9 Mai, 2024

O Salão Nobre do Edifício dos Gorjões acolheu no passado dia 25 de abril o lançamento dos dois primeiros tomos referentes ao primeiro volume de Porto de Mós e o 25 de Abril: Liberdade, Democracia e Participação, uma obra liderada pelo Arquivo Municipal que, durante os últimos três anos, levou a cabo várias ações de recolha de dados históricos e documentos em acervos das esferas pública e privada, culminando numa coletânea que integra atas da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal e da maioria das juntas de freguesia do concelho, datadas de 1974 a 1976, e ainda estudos de autores locais (na sua maioria) que procuram destacar vários âmbitos relacionados com o período revolucionário.

«Para entender melhor o processo de transição para a Democracia, é útil observá-lo a partir de geografias diversificadas, numa altura em que a maioria do território era predominantemente rural. [….] Do ponto de vista económico, a maioria da indústria localizava-se junto dos grandes núcleos urbanos […]. Olhar para a evolução do quadro político e socioeconómico nas regiões fora dos centros urbanos […] permite compreender as razões que levaram à queda do regime. […] Partindo destas premissas, o Município apresentou um projeto de Comemorações dos 50 anos da Revolução, que se desenvolveu entre 2022 e 2024 e que tem neste conjunto de volumes o seu ato final», começa por explicar o coordenador científico da obra, Kevin Carreira Soares, na introdução geral da mesma.

Na primeira parte, incluem-se transcrições das atas produzidas pelo executivo das 13 freguesias que existiam no concelho à época, entre janeiro de 1974 e dezembro de 1976, «um trabalho notável do Arquivo Municipal que convidou cada uma das juntas de freguesia a ceder os seus exemplares de atas para tratamento arquivístico, digitalização e posterior transcrição», escreve ainda.

Na segunda parte incluem-se estudos «produzidos por autores maioritariamente locais, que procuram destacar vários âmbitos relacionados com o período revolucionário». E a obra termina com a apresentação «dos executivos da Câmara Municipal e das juntas de freguesia, bem como das respetivas assembleias, desde o resultado das primeiras autárquicas em 1976 e as últimas de 2022».

 

Foi de cravo ao peito que Kevin Carreira Soares se dirigiu ao púlpito – já depois de o terem feito a presidente da Assembleia Municipal e vários elementos integrantes da Comissão de Honra das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril de Porto de Mós – para falar sobre este projeto, que diz tratar-se «de uma obra de investigação que o que faz é tornar acessível e permitir o cruzamento de informação dispersa por vários arquivos», muitos deles considerados «pouco acessíveis», como é o caso das atas das juntas de freguesia relativas a este período específico, já que «no calor da Revolução nem todas tiveram o cuidado de as registar».

Para o historiador, estes documentos permitem «estudos sobre a evolução urbanística do concelho, estudos económicos, estudos sobre indivíduos – muitos deles ainda vivos -, instituições e associações».

Do ponto de vista temático, «os potenciais são muitos [já que] além das 700 referências a Porto de Mós, [nestes arquivos] encontramos [a título de exemplo] 566 referências a Mira de Aire, 325 à Calvaria de Cima, 223 ao Alqueidão da Serra, 173 a Pedreiras, 155 ao Juncal, 104 à Mendiga, 70 a Serro Ventoso, 67 a Arrimal, 66 a Alvados, 53 a Alcaria e 40 a São Bento.

Enquanto que o primeiro tomo do primeiro volume já lançado aglomera vários testemunhos pessoais – na sua maioria de membros da Comissão de Honra destes festejos cinquentenários – e as atas de Câmara e Assembleia Municipal, o segundo tomo centra-se nas atas que foram recolhidas entre as juntas de freguesia. Todavia, Kevin Soares deixou claro na sua intervenção que «falta ainda um volume que virá com estudos» e que espera «lançá-lo até ao final deste ano».

Como nota final, o historiador deixou particular menção a Fernanda Sousa e Sandra Gomes, duas arquivistas que iniciaram esta coletânea em 2022, e ainda a Albina Cordeiro e José Gomes dos Santos, dois portomosenses que também colaboraram nesta obra mas que viriam a falecer antes do lançamento da mesma.

A ambos, Kevin Soares deixou uma última mensagem em tom de sentido agradecimento: «É por pessoas como José Gomes e Albina Cordeiro que, quando estou fora, especialmente quando estou longe, me dá muito orgulho em dizer ‘eu sou de Porto de Mós, esta é a minha terra, esta é a minha gente’».

Fotos | Luís Vieira Cruz

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