Crescer pode custar, mas vale a pena!

21 Fevereiro 2025

Os jovens de hoje crescem tarde. Mais tarde do que os pais cresceram. E muito mais tarde do que os avós. Aos 18 há quem nunca tenha cozinhado um ovo, quem não saiba marcar uma consulta ou quem espere que alguém lhe resolva um problema antes mesmo de tentar. A maturidade e a responsabilidade, que antes pareciam vir com a idade, agora chegam cada vez mais tarde. E, no meio disto, as escolas tentam ensinar, mas percebem que não basta encher cabeças de conhecimento – porque há alunos que ainda não aprenderam o essencial: a assumir as suas próprias escolhas e a lidar com as suas consequências.

Na escola, isto sente-se todos os dias. São trabalhos esquecidos, desculpas intermináveis, tarefas que não avançam porque “não me apeteceu”, “não sabia” ou “ninguém me disse”. O erro, em vez de ser uma oportunidade de crescimento, é motivo para desânimo ou fuga, a frustração não é suportável e qualquer obstáculo parece intransponível. Os professores insistem, puxam, desafiam, mas a resposta, muitas vezes, é um encolher de ombros, como se a responsabilidade de aprender não fosse do aluno, mas sempre de alguém que o “empurra” para a frente.

Mas porque é que isto acontece? Parte da resposta parece-me estar na forma como a infância se prolonga indefinidamente. Crescer dá trabalho e os adultos, com a melhor das intenções, tornaram-se especialistas em evitar que as crianças tenham dificuldades. Pais que fazem tudo para que os filhos nunca falhem, que carregam as mochilas, que lembram todos os prazos e que ligam para a escola quando um teste corre mal, podem estar  a criar filhos que nunca aprendem a lidar com a vida sem uma rede por baixo.

Quem nunca precisou de ser responsável, dificilmente aprende a sê-lo de um momento para o outro, e quando chega a hora de decidir, de planear, de insistir, não consegue.

A solução? Não sei, porque também sou mãe e tantas vezes sou rede, mas talvez esteja em deixarmos os jovens tropeçar mais, em não apressarmos respostas para os problemas deles, em darmos espaço para que falhem.

Se os quisermos ajudar, precisamos de lhes devolver a responsabilidade e lembrar que a escola é deles, o futuro é deles e que as escolhas, boas ou más, são sempre deles. Só assim, um dia, vão parar de encolher os ombros e perceber que crescer pode até custar, mas vale sempre a pena.