Uma experiência de governação de uma freguesia como a que dá título ao presente artigo de opinião não deveria ser apenas um exercício de valorização pessoal e curricular para os eleitos pelos seus eleitores. A gestão desta união de freguesias, a escassos meses das eleições, revela-se um exemplo gritante de falência de compromisso cívico e de responsabilidade política. A esta altura do mandato já ninguém espera as obras, grandiosas ou menores, que haviam sido prometidas, desvendando-se assim uma vergonhosa incapacidade de cumprir os mínimos, e revelando-se esta situação um traumatizante acontecimento para todos, eleitos e eleitores. Durante quatro anos, não houve sequer uma limpeza decente nas ruas, bermas ou valetas. Isto não é desleixo – é uma afronta. A degradação ambiental, o abandono das periferias e a ausência de soluções para problemas básicos, como a drenagem pluvial, mostram o desprezo da gestão atual pela comunidade. Em vez de assumir a sua falha, o executivo tenta desviar a atenção com projetos de improviso, como a construção de uma estrada para camiões pesados através de um caminho agrícola, sem qualquer consulta aos proprietários ou estudo técnico adequado. Uma solução improvisada que, além de ineficaz, não resolve o enorme e antigo risco de segurança dos moradores da aldeia de Cabeça Veada. Mas o problema estrutural é ainda mais profundo: uma total ausência de políticas para travar a desertificação e fixar população jovem. O executivo ignora esta realidade, falhando em criar condições mínimas para quem quer viver nas aldeias – seja através de medidas facilitadoras de acesso a infraestruturas básicas como água e eletricidade em contexto de construção de habitação própria, práticas que em tempos eram implementadas com regularidade. Não é um erro de execução. É uma falha de princípios e, acima de tudo, um desrespeito pelos compromissos assumidos com os eleitores. Nas últimas eleições autárquicas, nesta freguesia, a maioria do eleitorado deu o benefício da dúvida a alguém em estado de graça, candidato pela cor partidária dum eleitorado conservador que, tal como quem tem o hábito sagrado de se barbear ou maquilhar diariamente, vota habitualmente por empatia em qualquer tipo de ato eleitoral na força partidária que, neste mandato autárquico, tem (des)governado a freguesia. Hoje, resta um eco distante das promessas feitas, e a população sente-se defraudada e traída. O investimento público praticamente não existe, e os recursos permanecem estagnados nas contas bancárias, sem qualquer plano estruturado para ser usado. Uma opção que roça a gestão danosa, comprometendo o desenvolvimento local e o património coletivo. Arrimal e Mendiga não precisam de promessas ocas, mas sim de ações concretas: incentivar a fixação de população, apostar em criar condições para atrair habitação própria e novos moradores, melhorar a salubridade pública e garantir serviços essenciais de proximidade. O que está em jogo é mais do que uma falha de gestão: é a impotência e a quebra de confiança de quem elegeu aqueles que agora tentam renovar um mandato desacreditado.

A incapacidade de cumprir mínimos da União de Freguesias de Arrimal e Mendiga
27 Julho 2025

