Despertar criativo

11 Março 2025

Com o advento da revolução industrial, novos processos mecanizados levaram à redução de trabalhos artesanais e manuais. No entanto, surgiram novas funções, sobretudo de natureza cognitiva, resultando num balanço positivo. Este progresso permitiu aumentar a eficiência, reduzindo os custos de produção e, consequentemente, beneficiando o consumidor final. O mesmo está agora a acontecer com a Inteligência Artificial (IA).

Mas e se a IA se tornar consciente? Poderá isso levar à nossa extinção? Se olharmos para a questão de um ponto de vista puramente materialista: sim, já atravessamos o Rubicão. De acordo com os materialistas, a consciência é apenas um produto do nosso cérebro, o que significa que poderá um dia ser replicada por um computador – interpretando os sinais eletroquímicos que constituem os nossos pensamentos. Contudo, segundo Federico Faggin, inventor do primeiro microprocessador comercial, os nossos pensamentos não são meros sinais eletroquímicos, mas também processos quânticos. Esta visão vem melhorar as hipóteses de Platão, Hegel ou Leibniz sugerindo igualmente que a consciência é uma realidade mais profunda para além da matéria. No entanto, desta vez, com argumentos sustentados na física quântica, e não apenas em fundamentos filosóficos. Sendo assim, o computador não poderá desenvolver uma consciência genuína, pois os fenómenos quânticos (de natureza probabilística) não podem ser simulados através da computação clássica que é determinística e algorítmica – tal como os atuais sistemas de IA – onde o próximo estado já foi previamente definido pelo algoritmo, o que inviabiliza também a possibilidade de livre arbítrio. 

Desta forma, a IA não veio para nos destruir ou roubar os nossos trabalhos, mas sim para nos libertar de tarefas mecanizadas, permitindo-nos focar no trabalho criativo, significativo e inovador – em detrimento de funções administrativas, burocráticas e repetitivas –  delegando para os agentes de IA a execução, distribuição e operação, transformando assim o trabalhador de escritório num visionário.