Início » “Estado atual das instalações não pode servir de desculpa para encerrar”

“Estado atual das instalações não pode servir de desculpa para encerrar”

20 Maio 2023
Isidro Bento

Texto

Partilhar

Isidro Bento

20 Mai, 2023

Depois de ouvir as reclamações e perguntas dos munícipes do Alqueidão da Serra, o presidente da Câmara, Jorge Vala, disse no essencial aquilo que já tinha dito na última Assembleia Municipal (ver artigo aqui) e voltou a ler a carta que o Município enviou ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, denunciando os principais problemas que afetam a área da saúde no concelho.

Assim, segundo o autarca, «em Porto de Mós temos a saúde a duas velocidades: De um lado funciona bem, com uma Unidade de Saúde Familiar USF com autonomia para contratar profissionais e então quando falta algum tentam assediar para ir para lá, como aconteceu no Alqueidão, quando vieram cá “roubar” uma enfermeira, e do outro temos a UCSP, que devia ter 11 médicos e só tem seis (a caminho de cinco), o que revela a enormidade da insuficiência de profissionais de saúde desta unidade».

Depois de sublinhar que não é a Câmara que faz a gestão da saúde e que só soube da saída do médico do Alqueidão da Serra através do presidente da Junta, Jorge Vala recordou que ainda no tempo da pandemia disponibilizou uma administrativa, mas não foi aceite «por causa do regime de proteção de dados», e que, mais tarde, estava na disposição de assegurar «o transporte dos utentes para Porto de Mós, uma vez por semana», oferta também rejeitada «porque obrigaria a reservar um dia inteiro só para os utentes do Alqueidão».

Dar a conhecer concelho para conquistar médicos

O autarca disse acreditar que o eventual encerramento das extensões de saúde de Arrimal/Mendiga e Alqueidão da Serra estará justificado por não terem instalações adequadas, mas não aceita isso como argumento, uma vez que a Câmara tem intenção de dotar essas freguesias com novas unidades e a tutela sabe disso. Quanto ao cartão de saúde, garantiu que nunca foi intenção da Câmara que viesse substituir o SNS e os cuidados de saúde primários «a que todos têm direito».

Jorge Vala disse que «já se percebeu que não vale a pena andar com bandeiras na rua porque não há profissionais de saúde suficientes», mas deixou bem claro que se recusa a «atirar a toalha ao chão». A luta «pelo bem-estar da população» passa agora, entre outras, segundo ele, por um trabalho de retaguarda na tentativa de sensibilização de finalistas do curso de Medicina e captação de recém-licenciados».

Interveio também o presidente da Junta de Freguesia do Alqueidão da Serra, Filipe Baptista, que lamentou que as muitas pessoas que ali se juntaram saíssem desapontadas, não com o presidente da Câmara, mas por irem «iguais ao que entraram», ou seja, sem uma resposta cabal para o problema. Nesse sentido, perguntou se não seria possível a Câmara pedir uma reunião urgente com a responsável pela UCSP, porque «amanhã a porta da extensão de saúde continuará fechada para esta gente e não é aceitável pedir a 10 pessoas para irem ter uma consulta a Porto de Mós».

Em resposta, Jorge Vala disse que se o autarca alqueidoense e os restantes presidentes de Junta quisessem pedir a dita reunião, que podiam pedir e que ele os acompanharia, deixando, contudo, no ar a ideia que de pouco valeria, porque tanto os responsáveis locais como regionais não têm médicos para colocar em Porto de Mós.

«Admito que as pessoas saiam daqui desiludidas comigo, mas digam-me vocês o que eu posso fazer e eu o farei para poder ser consequente com aquilo que tenho dito sempre», concluiu.

Foto | Jéssica Silva

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas: Portugal 19€, Europa 34€, Resto do Mundo 39€

Primeira Página

Publicidade

Este espaço pode ser seu.
Publicidade 300px*600px
Half-Page

Em Destaque