A Junta de Freguesia das Pedreiras levou a efeito no passado dia 28 de maio uma mão cheia de iniciativas, com particular destaque para a inauguração de um mural de homenagem à pedra e ao barro. A sessão teve lugar no Salão Paroquial das Pedreiras. A obra, da autoria de Rui Basílio, pretende valorizar as duas atividades principais da freguesia, de um modo especial os trabalhos em pedra, a olaria e a cerâmica, ao mesmo tempo que valoriza uma das entradas da freguesia.
Na ocasião, o autor fez uma breve explicação da obra, referindo que se deslocou a uma olaria para apreciar as mãos do oleiro a trabalhar uma peça, deslocando-se depois a um atelier de canteiro para fotografar as mãos a esculpir uma peça servindo de inspiração para o mural. Rui Basílio lembrou os seus tempos de meninice, grande parte deles passados nas Pedreiras, enunciou o seu trajeto profissional, não esquecendo o papel de seus pais que o «autorizaram a pintar e decorar o quarto, a primeira obra de arte», passando depois aos agradecimentos, dum modo especial aqueles que valorizam o seu trabalho.
Além da inauguração desta obra, foi também apresentada a logomarca Pedreiras, uma proposta da Junta de Freguesia que tem assinatura de Diogo Féteira e André Coelho e tem a pretensão de ser «uma referência no âmbito da comunicação com a sua população», com explicou Diogo Féteira, adiantando que para isso «pretende renovar a sua identidade e alargar os meios de comunicação para se identificar com as múltiplas gerações presentes na freguesia». Tendo por base o Brasão de Armas da freguesia, a nova marca aposta no seu património e na natureza, dum modo especial o Moinho do Cabeço, a Serra dos Candeeiros, a pedra, o barro, e a Estrada Real de D. Maria.
Ampliação do Centro Escolar
Foi ainda apresentado o esboço do projeto da ampliação do Centro Escolar das Pedreiras, da responsabilidade arquitetónica de Joana Marcelino. Para justificar esta obra, Telma Cruz, vereadora da Educação da Câmara de Porto de Mós, disse que o Centro Escolar «já não é suficiente para acolher toda a vitalidade e sede de conhecimentos daqueles que por ali passam», explicando que as salas de aula e espaços existentes, apesar de acolhedores «já não são suficientes para abraçar a grandiosidade das mentes ávidas por descobertas». Pelas razões apresentadas decidiu-se «pela ampliação do Centro Escolar com a construção de um equipamento multiusos, no terreno contíguo ao existente e adquirido recentemente», com um projeto que «vai muito além da expansão física das instalações».
No novo espaço, além das áreas disciplinares, haverá uma «abordagem holística, integrando a arte, o desporto, a ciência e muitas outras áreas do saber», enfatizou Joana Marcelino, acrescentando que «os talentos artísticos terão um espaço dedicado para se expressarem», sendo que também o desporto «será uma parte fundamental».
Meio século de comércio
Abílio Alves Silvério Santos foi um conceituado comerciante da Tremoceira que, ao fim de 52 anos, encerrou o seu estabelecimento, por entender que as suas capacidades eram limitadas para as exigências do mercado. Oriundo de uma família de oleiros, optou por não seguir aquela atividade uma vez que sentia grande apetência para o comércio, no entanto aos 14 anos começou a trabalhar numa fábrica de tijolo próximo da casa dos pais. Em 1970 resolveu abrir um estabelecimento de mercearias que, mais tarde, ampliou para o comércio de tecidos e roupas feitas. Em dezembro de 2022 resolveu encerrar o estabelecimento. A Junta de Freguesia homenageou Abílio Alves Santos no passado dia 28 com a entrega de uma placa comemorativa. Na ocasião, Francisco Carreira, o neto mais velho, fez o agradecimento e um elogio ao avô, recordando algumas frases que ele dizia a brincar aos seus inúmeros clientes.
Houve tempo ainda para se visualizar o filme O último Oleiro (The last Potter), um documentário realizado e produzido pelo cineasta Fábio Oliveira, relacionado com a arte da olaria, que tem como protagonista José Alves dos Santos, o último oleiro da freguesia a trabalhar na roda.
No final, Pedro Pragosa, presidente da Junta de Freguesia, no uso da palavra, referiu que «é pretensão desta autarquia valorizar a terra», sendo o que se fez hoje uma pequena amostra do que «temos em mente para a nossa freguesia». O autarca disse ainda que a visualização do documentário O último Oleiro foi uma pequena homenagem «aos muitos oleiros que existiram na freguesia das Pedreiras». Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, encerrou a sessão dizendo que «o que aqui vimos hoje foi uma homenagem ao futuro» e valorizou o trabalho de Rui Basílio pela «arte que desenvolve, quer seja na região como no país e até no estrangeiro».