No passado, durante décadas, a busca pela maximização dos lucros para os acionistas definia-se e esgotava-se como o objetivo central das empresas. No entanto, ao longo dos anos, essa perspectiva tem vindo a evoluir. Atualmente, com mercados globais e cada vez mais exigentes fazem com que as empresas e os empresários considerem um conjunto alargado de stakeholders (interessados), sejam eles internos (sócios, parceiros, colaboradores, etc) ou externos (fornecedores, clientes, banca, Estado, entre outros)..
Hoje, quer os governos, quer os investidores estão a exigir cada vez maior responsabilidade social das organizações. As práticas sustentáveis não são apenas um desejo. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas estabelecem o caminho político e sublinham também o papel das empresas para solucionar desafios globais até 2030.
A era da Indústria 4.0, Big Data, Fintech, Economia Circular e Inteligência Artificial reflete a busca incessante por atividades sustentáveis e informação transparente. Os consumidores, agora cada vez mais informados e exigentes, incorporam critérios de responsabilidade social, legal e ambiental (ESG: Environmental Social and Governance) nas suas escolhas. A própria banca, o principal financiador das PME’s portuguesas, já começa a exigir planos e resultados para além dos valores económicos e contabilísticos.
Hoje, as empresas devem usar seu modelo de negócio para gerar impacto positivo e maximizar resultados ao nível social, legal e ambiental. Só assim será possível desenvolver modelos de negócio sustentáveis e resilientes. Estas práticas responsáveis não alinham apenas interesses da sociedade, mas ao promover o papel da empresa, reforçam o seu papel e otimizam o valor para os sócios ou acionistas.
Este “refoco” das empresas ,implicam alterações na sua estratégia e vai implicar mudanças na sua cadeia de valor, alavancagem das capacidades centrais e inovação de produto e/ou processo. Para promover atividades de impacto positivo das empresas é essencial explorar oportunidades que beneficiem não só estas, mas também a sociedade como um todo, ao nível das 3 dimensões ESG. Com novas estratégias, empresas que englobem a perspectiva ESG podem assim encontrar oportunidades em novos mercados, ao mesmo tempo que promovem a inovação, reduzem o risco da sua atividade e promovem o aumento da sua notoriedade. Este novo papel é também valorizado pelos recursos humanos, ajudando assim num dos principais problemas que as empresas portuguesas enfrentam atualmente, o recrutamento. Uma empresa com um papel social ativo, tem vantagens também na atração e retenção de talento.
Em suma, a gestão socialmente responsável está relacionada assim com resultados mais amplos e não exclusivamente financeiros. A responsabilidade social não apenas complementa, mas enriquece o objetivo fundamental das empresas. Hoje e no futuro, a interseção entre lucro e impacto social molda e moldará organizações fortes e duradouras.