Tiago Martins, jovem lusodescendente com raízes na aldeia da Barrenta, lançou em outubro do ano passado o livro A História de Portugal no meu prato, uma obra que é candidata à vitória em três categorias no mais prestigiante concurso de livros de culinária do mundo, o Gourmand Awards.
Nas bancas com o nome de L’Histoire du Portugal dans mon Assiette, este livro colaborativo, escrito em francês, mistura a gastronomia, a história e o humor lusitano. Para tal, contribuíram com o seu cunho mais de meia centena de chefs portugueses, radicados nos quatro cantos do mundo.
A O Portomosense, o jovem autor, nascido em Paris, explica que a iniciativa surgiu através do repto da editora à qual se associou, a Cadamoste Editions, de Sandra Canivet da Costa: «Aceitei o desafio porque sempre tive interesse em partilhar a Cultura portuguesa, não só com os outros jovens lusodescendentes, que mal falam português, como também com os próprios franceses. Como sou um apaixonado pela gastronomia, quis mostrar que Portugal é mais que bacalhau e vinho do Porto. Surgiu então a ideia de aliar a gastronomia à história do nosso país».
Por não se considerar um «legítimo autor especializado em gastronomia», Tiago Martins colocou mãos à obra, apostou na diversidade e começou a contactar chefs portugueses, «desde os das mais pequenas tascas aos que trabalham nos restaurantes mais mediáticos», tendo angariado cerca de 60 testemunhos, 10 dos quais da região de Leiria.
No seu livro encontramos alusões à morcela de arroz, ao carapau seco da Nazaré e até à sopa do vidreiro, da Marinha Grande, mas as tradições e, especialmente, o humor, também são características da obra, pelo que nem algumas das peças de loiça mais emblemáticas das Caldas da Rainha foram esquecidas.
«A História de Portugal no meu prato é mais do que um livro para enfeitar bibliotecas. Trata-se de um livro que se distingue dos demais por contar com uma forte componente humana, onde há histórias de infância, de guerra e de emigração», contou-nos Tiago Martins, enquanto recordava os verões passados a brincar junto dos avós na Barrenta.
O jovem autor sente-se orgulhoso por ver a sua iniciativa na “alta roda” da culinária mundial, especialmente por ser o único português em concurso, e diz acreditar na vitória de, pelo menos, uma das categorias em que concorre. «Acho que, tendo chegado até aqui, há hipóteses de vencer. Estou nomeado para o Melhor livro em língua francesa; O melhor livro de cozinha e cultura portuguesa e O melhor livro da emigração e diáspora. O objetivo será conquistar uma delas», assumiu.
Para esta edição dos Gourmand Awards, mais de 100 mil livros foram pré-selecionados. Os resultados, tão aguardados pelo portomosense, serão apenas conhecidos no final do mês de maio, em Umeå, a maior cidade do norte da Suécia, que conta com mais de 80 mil habitantes.
Ao nosso jornal, Tiago Martins assume ainda que, fruto do sucesso registado desde o lançamento da sua obra, está a preparar a sua tradução para várias línguas, incluindo o português.