Queria voltar a janeiro

18 Fevereiro 2025

Voltei! Quem diria que iriam voltar a ler um texto meu. Janeiro passou devagar, não foi? Passei uns dias deprimentes, digo-vos já. Estava triste, porque cada vez que saía à rua já não se ouvia a Mariah Carey e os sininhos. Além disso, surgiu o pipi da Cristina em frasco que considero isso um ataque ao Quim Barreiros e ao seu Hino Nacional “Bacalhau à Portuguesa” que, sinceramente, é um nome muito melhor e não induz ninguém em erro, pois “é deste peixe que se quer!”. Mas estamos há poucos dias no mês de fevereiro e já quero rebobinar o tempo.

Despedi-me do Luke. Não foi algo marcado no calendário, nem tocou o alarme na hora do adeus apenas, aconteceu. Para muitos, comer pode ser terapia, mas eu escolhi a escrita para isso. E do que mais posso escrever, quando a única coisa que me ocupa a cabeça é a saudade que tenho dele. 

Viveu quase 12 anos connosco, apesar de, para ele, serem uns 80. Com apenas um olho, ganhou alcunhas como “Pirata” ou “Camões”. Já para mim, era apenas o “Burrico” porque achava que tudo ficava do lado direito e estava sempre a ir contra as minhas pernas. Gostava de estar fora de casa, mas não sabia comportar-se em meios sociais. Ladrava alto, corria para cima de outros cães e puxava a trela que se fartava. E uma vez, fez cocó mesmo em frente à Igreja de São Pedro. É verdade. E digo mais! Se naquela altura a Nossa Senhora tivesse câmeras ter-me-iam visto a pegar nele para fazer cocó noutro lado. Ah pois. Temos quem roube as ovelhas e temos o meu cão, que cagou na entrada da Igreja. Sai mesmo à dona. Tenho tantas, mas tantas, histórias com ele que a quantidade de letras que me dão, nunca vão chegar. Mas está tudo bem. Levo-te comigo no coração.

Por mais que compreendesse que um dia irias embora, nada me preparou para este momento. E a vida tem coisas estranhas, pois eu acredito que esperaste que eu voltasse a casa, para dizeres adeus. Uma coisa é certa, durante o tempo que viveste connosco, Luke, viraste parte da família. Olhava para ti como meu, mas eras de todos nós. E por isso, sei que foste amado até ao fim. Mas se soubesse que te iria perder agora, quem me dera ter ficado em Janeiro só mais um bocadinho. 

A ti, Luke.