Sair de casa dos pais aos 29.7 anos…

15 Setembro 2023

Luís Vieira Cruz

Sete. Só há sete países na União Europeia (UE) em que os jovens deixam a casa dos pais mais tarde que no nosso querido Portugal. Estes dados referentes a 2022 foram divulgados num estudo do Eurostat no início do presente mês de setembro e espelham uma realidade que está descaradamente à vista de todos, mas que ainda custa, e bem, a aceitar.

É “normal” que um jovem português se sinta forçado a ficar em casa dos pais até aos 29,7 anos, mesmo quando quer abrir as asas? Pois é, mas não devia. Pobres dos italianos, que só deixam o ninho aos 30 anos, ou dos malteses, aos 30,1. Mas pior estão os búlgaros e os nuestros hermanos, aos 30,3. E os gregos? Os gregos até são baris, como escrevia o britânico Terry Deary, mas não me parece que os pais os queiram aturar até aos 30,7 anos, tal como os eslovacos, aos 30,8. Mas… E o que dizer dos croatas? Esses pobres coitados rebentam com a escala. Arriscam-se a ficar por lá até aos 33,4, vejam bem… Não poderá isso ser considerado prisão domiciliária?

Nada contra quem fica porque quer, naturalmente. Há momentos para tudo na vida e a cada um caberá respeitar os seus próprios ritmos. Contudo, não deixa de ser revoltante saber que uma grande maioria não está lá por opção, mas sim porque se vê obrigada a estar.

Segundo o mesmo levantamento, as causas principais até que são óbvias: baixos salários que contrastam com os elevados preços da habitação praticados na UE. E era preciso um estudo para chegar a esta conclusão? Pergunto. Não me parece. A mesma já se enraizou no nosso quotidiano e já mal damos por ela, a não ser quando começamos a fazer contas à vida. É esse o problema de normalizar aquilo que não deve ser normalizado. Mas ainda bem que estes barómetros existem. Há que acompanhar de perto esta crise de emancipação pela qual os jovens continuam a passar e tratá-la como tal.

Talvez seja bom olhar para o reverso da medalha. Na Finlândia os jovens saem da casa dos pais, em média, aos 21,3 anos, valor muito disputado pelos suecos, que arranjam habitação própria aos 21,4. A encerrar o pódio surge sem grandes surpresas a Dinamarca, mais um país nórdico onde a fasquia se cifra nos 21,7 anos.

O que é que eles estão a fazer de bem e nós de mal? Analise-se, e rápido, que já falta pouco para os 30 e os Brent’s continuam a oscilar, mas raramente a nosso favor.

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