São 02h55 da manhã do dia 15 de abril de 2024. Não há capicua nem números repetidos e ainda assim, se vocês não encontram magia ou significado nesta data, é porque teriam de procurar bem dentro do meu coração. Mas eu quero partilhá-lo convosco, sabendo, no entanto, que no meu coração nasceu um amor que não é tangível através das palavras.
A vocês, pais e mães, não será preciso dizer-vos mais nada senão isto: em que data nasceram os vossos filhos? O meu nasceu às 02h55 da manhã do dia 15 de abril de 2024. E nesse momento, a vida como a conhecia não existia mais.
Esta vida tem mais amor. Tem encantamento e uma cumplicidade de sangue e lágrimas. Tem descoberta de uma nova pessoa – nós mesmos, mas outros ao mesmo tempo – e a descoberta de uma/um mãe/pai ao nosso lado com as mesmas missões, que se cruzam numa só: Fazer deste ser humano, agora bem pequeno, mas que um dia voará maior, a pessoa mais feliz do mundo. Fácil? Nada, nada. Até porque este mesmo ser ainda não o sabe, mas saberá, a vida é linda, mas no caminho há muitos estilhaços que vamos acabar por pisar. E nós pais, também viveremos na pele, teremos cravados no coração, todos os estilhaços que o nosso filho pisar porque, é mesmo assim, não vamos poder limpar-lhe todos os caminhos antes de por eles passar.
Para mim serão sempre, em todos os lugares e momentos, 02h55 da manhã do dia 15 de abril de 2024 e o meu filho estará sempre – como esteve nesse momento – pele com pele comigo, procurando o meu peito para se alimentar acabado de nascer. Ele poderá nunca entender, mas o meu coração começou, a partir desse momento, a bater ao ritmo do dele. Hoje, garanto-vos, são 02h55 da manhã do dia 15 de abril de 2024 e o meu filho acaba de nascer.
Uma ode às mulheres: Hoje amo mais a minha mãe e a sua mãe, minha avó. Hoje amo mais a minha irmã, que é mãe das minhas sobrinhas. Hoje amo e admiro mais todas as mulheres da minha vida (sogra, cunhadas, amigas) e todas as outras, hoje sei ler melhor os seus colos invisíveis, as mazelas das dores do parto. Sinto os mamilos em sangue e a transformação no corpo. Vejo os seus olhares distraídos a pensar nas mil tarefas que têm por cumprir. Hoje conheço-lhes os sonos por dormir. Conheço-lhes as angústias de terem os seus filhos doentes.
Hoje sei o quanto dói pensar em estar longe do filho pequeno não sabendo se lhe estão a dar amor e colo. Hoje agradeço a todas as mulheres que carregam os seus filhos no ventre. «Metade do mundo são mulheres. A outra metade os filhos delas», disse Efu Nyaki. São 02h55 da manhã do dia 15 de abril de 2024 e o meu amor pelas mulheres renasceu.