Decorria o ano de 1970 e vivia-se ainda o rescaldo do programa televisivo “Zip-Zip”, liderado por Fialho Gouveia, Carlos Cruz e Raul Solnado, talvez dos melhores programas de entretenimento da televisão portuguesa da época.
Um grupo de jovens das Pedreiras ligado aos movimentos juvenis da Acção Católica, propôs-se realizar espectáculos de variedades, talvez um pouco diferentes daqueles que se haviam apresentado por cá, ou seja uma espécie de cópia do tal “Zip-Zip”.
O local escolhido para essa realização foi o velho salão paroquial que, nas tardes de 11 de Janeiro e de 3 Maio de 1970, foi pequeno para albergar a vasta assistência, tal foi o interesse manifestado pela população da época.
Em ambas as tardes houve entrevistas a jovens e adultos, com as mais variadas profissões e muita música e poesia. Nas entrevistas, algumas um pouco polémicas, ouviram-se estudantes, empresários, professores, operários de cerâmica e um membro da Junta de Freguesia.
Para dinamizar as entrevistas foram escolhidos alguns jovens sem ligação aos movimentos da Igreja, mas com uma língua acutilante, apesar da sua pouca experiência para o facto.
Para a declamação de poemas tivemos alguns jovens amantes da poesia naturais da nossa terra e na música, além de diversas pessoas da nossa terra, actuaram os conjuntos “Os Inseparáveis” e “Os Torresmos”, e outros que vieram propositadamente cantar às Pedreiras, nomeadamente alunos do Seminário de Leiria, jovens das Cortes e um trio feminino que veio da Caranguejeira. Também o denominado grupo “Jograis das Pedreiras”, constituído para o efeito, por ali apareceu para animar satiricamente uma das tardes.
Recordamos que estas tardes de variedades das Pedreiras foram objecto de notícia no semanário “A Voz do Domingo”, de 1 de Fevereiro e 28 de Junho do mesmo ano.
Segundo o correspondente daquele semanário, os espectáculos tinham como finalidade “ir ao encontro dos anseios dos jovens”, pois pretendia-se “uma juventude mais alegre, mais sã e mais jovem”.
Foram tardes maravilhosas que serviram para animar a população, numa localidade onde pouco havia, para além dumas pequenas récitas por ocasião do Carnaval.