“A juventude de hoje está arruinada. É má e negligente em relação à autoridade.”
Ptahhotep, sábio egípcio, 3000 a.C.
“Se os jovens de hoje tomarem o poder amanhã, perco a esperança no futuro do nosso país, porque esta juventude é insuportável, sem freios, simplesmente terrível.”
Hesíodo, poeta grego, 700 a.C.
“Os jovens de hoje estão sempre distraídos. Não prestam atenção a nada e acham que sabem tudo.”
Thomas Edison (1847–1931)
Aquilo que poderiam ser excertos de uma banal conversa ouvida ontem à tarde num qualquer café do nosso concelho, foi afinal já dito há muito tempo atrás. E o que é que explica esta opinião negativa dos mais velhos em relação às novas gerações? Serão os jovens da actualidade piores que os da geração dos seus pais ou avós, ou será
que estas afirmações resultam apenas do ângulo de observação de quem as faz?
– Antigamente é que era bom. Então porquê, avozinho? Porque não me doíam as costas. Agora está tudo pior, são as costas, os joelhos e a vista.
A nostalgia de um passado activo e com capacidades que entretanto se perderam, alimenta um viés de observação. Além de que uma visão nada entusiasmante do respectivo futuro, é fácil que uma onda de pessimismo varra também os que cá vão estar nessa altura.
Para além das crescentes dores que cada um de nós vai sentido com o avançar dos anos, também o contexto cultural e de costumes mudam em cada geração. A forma como as pessoas se relacionam, como comunicam, como se banalizaram as viagens, permitem hoje uma vida muito diferente. Daí até que alguém se lembre de descrever os jovens como preguiçosos e irresponsáveis, é muito rápido.
Eu, que também já vou descobrindo dores novas, não concordo com esta visão negativa. A incerteza da actualidade só é maior do que a de há duzentos anos, porque as ameaças de então não foram sentidas por nós. As futuras más surpresas poderão ser dolorosas nos ciclos curtos, mas serão ultrapassadas nos ciclos longos. Foi sempre assim ao longo da história da humanidade e não será agora que irá mudar. E com isto estou a dizer que as gerações futuras farão tudo bem? Nada disso. Terão o direito a errar tal e qual como as dos passado, que nos brindaram com uma actualidade tão animada.