Continuando nas nossas pesquisas por jornais antigos, saltaram-nos à vista várias chamadas de atenção para o estado lastimoso da estrada da Cruz da Légua, publicadas no semanário “O Povo de Porto de Mós”, que tinha como diretor e proprietário o médico portomosense Dr. Adelino Silva, e se publicou nesta vila entre os anos 1911 e 1916.
Sabemos que a estrada da Cruz da Légua sempre foi uma via com bastante movimento e ainda nos recordamos do estado em que a mesma se encontrava antes de ser asfaltada, o que aconteceu talvez há pouco mais de quatro décadas.
Foram vários os apelos feitos naquele semanário portomosense para o estado em que se encontrava a dita estrada, como por exemplo este: “A estrada está detestável. Pedimos à câmara de Porto de Mós tenha dó dos habitantes d’estes sítios mandando arranjar a estrada”, e este: “A estrada da Cruz da Legoa está completamente intransitável. Necessita que a digna câmara mande começar com urgência os reparos que já resolveu ali mandar fazer”.
Por essa razão, foi com grande regozijo que se recebeu a notícia de que a estrada da Cruz da Légua iria receber obras de beneficiação, como relata o semanário acima indicado, na sua edição número 24 de 29 de Fevereiro de 1912, ao dizer que “foi aqui muito bem recebida a notícia que o encarregado das obras da estrada da Cruz da Légua era Joaquim Veríssimo Vazão”, o que demonstrava que a dita reparação estaria para breve.
O articulista adiantava que aquela estrada era “de grande necessidade” e estava “intransitável e a prejudicar muito estes logares Cruz da Legoa e outros”.
Pelo que se depreende do artigo em causa, teria havido mudanças nos responsáveis autárquicos, pois refere que “o povo d’esta terra tem a honra de louvar a câmara republicana”, porque as câmaras anteriores “nunca fizeram benefícios nenhuns para esta boa gente que sempre estava disposta para as malfadadas eleições e nada lhe faziam, só prometimentos e mais nada”.
Algumas semanas mais tarde, e como as obras demoravam, ainda houve pelo menos dois apelos à reparação da via.
O primeiro dos quais dizia assim: “A estrada está intransitável sendo da maior conveniência a câmara começar com brevidade as reparações a fazer na mesma. O nosso patrício e conceituado industrial José Luiz Feteira contribue também particularmente para os reparos a fazer em tão necessária via de comunicação e, ao que nos conste, outros moradores das Pedreiras estão resolvidos a auxiliar a câmara”.
Por último ainda houve este: “Também era de grande necessidade que a digníssima Câmara mandasse proceder aos concertos da estrada da Cruz da Legoa. Não há carro nenhum que lá possa passar, teem que ir à volta ao entroncamento de São Jorge, para irem para Alcobaça, o que é de lamentar. O que hão de dizer os carroceiros de Torres Novas, Minde, Mira e Alcaria?”.