Estamos em crer que poucas pessoas das Pedreiras e até da região, se lembram da existência duma organização denominada Junta do Gado, criada no âmbito da centenária Feira dos Treze das Pedreiras.
A Junta do Gado não era mais do que uma Associação Mútua de Gado Bovino, onde estava inscrito um determinado número de associados, todos proprietários de gado bovino, que anualmente levavam o seu gado à revista, para que fosse avaliado, dando ao rol o número de cabeças de gado que possuíam.
Esta revista anual realizava-se sempre a 13 de Janeiro, mês em que não havia a feira franca, pois era esse o dia escolhido para as actividades da Junta do Gado, nomeadamente a verificação dos animais e o pagamento das quotas.
Assim, num livro de actas, apontava-se o nome do associado, assim como o número de animais e o seu valor, o que era muito importante, porque se o animal morria devido a uma qualquer doença, ou sofria de um acidente, era com base nesse valor que o proprietário era indemnizado.
No caso de acidente, em que por exemplo a vaca ou boi partia um corno, o animal era abatido, o que acontecia normalmente no pátio do Tio Manuel Oleiro, sendo a sua carne vendida aos associados e o valor da venda era entregue ao proprietário da rês abatida.
Para fazer face às despesas da associação, os associados quotizavam-se com um alqueire de trigo, ao mesmo tempo que tinham direito ao veterinário que, na ocasião, não era mais que um ferrador de Porto de Mós, que tinha alguns conhecimentos, especialmente para o tratamento de diversas maleitas dos animais. Recordamo-nos ainda do ferrador que exercia essa actividade, o tio Afonso Marques.
Segundo consta a Junta do Gado das Pedreiras não tinha só associados das Pedreiras, porque havia outros de localidades vizinhas como Aljubarrota, Ataíjas de Cima e de Baixo, Casais de Santa Teresa, Moleanos, Juncal e Porto de Mós.
O assunto foi objecto de uma comunicação, apresentada pelo licenciado em História Manuel de Jesus Carvalho, no Congresso “Sete Marcos, Sete Séculos”, que teve lugar em Porto de Mós em 17 e 18 de Junho de 2005, cujas actas respectivas nunca foram publicadas, onde era referido que as Associações Mútuas de Seguro de Gado Bovino “já existiam na Idade Média, embora a sua expansão pareça ter-se dado a partir da segunda metade do século XVIII”.
De acordo com este comunicador, as Mútuas que existiam no concelho de Porto de Mós, além da das Pedreiras, que ele desconhecia, foram as das freguesias de Alqueidão da Serra, São Bento e Mira de Aire.
Com o encerramento da Feira dos Treze que ocorreu nos finais da década de 1980, a Junta do Gado também desapareceu.
(Fonte: Pequena Monografia das Pedreiras – Contributos para uma história, Pedreiras 2007)