“Atão”, gente da minha terra? Andam a cumprir com os objetivos que prometeram antes de 2022 terminar? Fazer exercício, comer melhor, enervar-se menos com a sogra… sabem como é, as coisas mundanas da vida. Olhem, eu desta vez nem fiz uma lista. Até digo mais! Nem um único objetivo eu consegui arranjar. Já sabia que não iria cumprir. Porém, acho que esse é o verdadeiro significado destas listas: ficar no papel.
Sempre que perguntava a outra pessoa o que queria para 2023 – só para pegar nessa ideia e dizer “olha, também é o quero” – respondiam-me algo do género: “Que seja melhor que o ano passado!”. Epá, não dá para trabalhar à volta disto. Eu queria algo palpável, como por exemplo o típico “quero começar uma horta” ou “vou adotar uma zebra”, ou até mesmo “quero abrir umas piscinas municipais para cães”. Não sei malta, algo que seja estapafúrdio e com pouca probabilidade de acontecer, porém algo que só os génios pensariam. Assim, apontamos a ideia num papel e, quando no futuro alguém colocar em ação esse plano – que tiveram na casa de banho do Pingo Doce e escreveram no papel higiénico – vocês levam a folha, um advogado e a vossa mãe como testemunha ao pé dessa pessoa e reclamam a patente! Eu sei do que falo. Eu sempre disse que as pedras eram bons amigos e olhem que existe alguém que agora vende pedras de estimação e é rico! Tenham cuidado. Quem vos avisa, vossa amiga é. A Cátia é amiga do coração.
Eu não entrei no novo ano com uma lista de objetivos, mas eles vão aparecendo ao longo do tempo. E algo que eu sabia que queria fazer era pintar o cabelo… de roxo. Bem, o meu objetivo é branco como o cabelo dos meus avós que é muito lindo. Contudo, como não deu para pintar logo de branco então começamos com o roxo. Adoro o resultado, mas parece que andei a pisar uvas com a cabeça. Por cima sou cor de vinho dentro da garrafa, levantam o meu cabelo e pareço a luz de uma festa de Carnaval. Ao menos não fujo à época festiva em que estamos. Já posso ir para a rua dançar o samba enquanto grito, na minha voz de rouxinol com asma, a “Puérá, lévántóu puérá” da Ivete Sangalo. Calma, a música chama-se Boa Sorte, mas todos sabemos que na verdade é o “Puérá”.
Mas eu precisei desta “viragem”. Ando em construção de uma nova identidade e, de vez em quando, necessito de fazer uma desintoxicação ao meu corpo e à minha alma. Comecei com o roxo, ainda faltam quase nove meses para acabar o ano. Talvez tente um arco-íris. Sempre me identifiquei como um unicórnio de certa forma. Mas até lá vou fazer deste ano “melhor que o ano passado”! É esse o meu objetivo. Original, viram?