Video Killed the Radio Star, na versão gravada pelos Buggles ostenta a glória de ter sido a primeira música a ser transmitida na MTV, a 1 de agosto de 1981. Uma escolha provocatória para a abertura do canal de televisão por cabo que vaticinava que o vídeo estava a chegar para passar uma certidão de óbito à rádio. Curiosamente a rádio continua de pedra e cal e esse marco da cultura pop dos anos 80 e 90 já não é hoje mais do que uma nostalgia da geração X. As crónicas das mortes anunciadas são tão antigas como a invenção de novas formas de comunicação. Provavelmente assim foi desde a invenção da imprensa por Gutenberg, em 1455. A entrada em cena dos novos meios digitais voltou a revolucionar a forma como consumimos e partilhamos informação. E o que a história nos tem ensinado é que as inovações tecnológicas criam formas diferentes de comunicar, obrigam a mudanças, originam novas oportunidades e ameaças, mas estão longe de ser carrascos dos seus antecessores.
Voltando à rádio, arrisco até dizer que dos meios tradicionais será aquele que, de momento, está a tirar mais partido da era digital. O consumo de podcasts tem crescido fortemente, criando espaço para conversas mais profundas e demoradas, que muitas vezes não cabem no alinhamento geral das rádios. Além disso, as novas plataformas de mensagens de voz, como o WhatsApp, criaram a geração de discos pedidos do século XXI, aproximando os locutores e ouvintes e criando canais interativos de conversa. Os radialistas deixaram de ser aquelas pessoas isoladas no estúdio, de quem não se conhecia a cara, para serem mais uns companheiros de café, ou de viagem para o trabalho, com quem trocamos piadas e conversas descontraídas.
Nos jornais, as versões digitais também trazem as potencialidades das infografias, de novos conteúdos multimédia, de poder contar as histórias sem os limites de carateres do papel.
A entrada em cena das redes sociais veio, contudo, marcar uma rotura com a forma como as sociedades comunicam e basta pensarmos como era a nossa vida há 15 anos. Até ali o acesso ao espaço público era limitado a quem tinha acesso aos media e estes serviam de filtro às mensagens dominantes a circular no espaço público, de acordo com linhas editoriais definidas. Naturalmente as conversas de café e a “praça pública” já existiam, mas a Internet, e mais concretamente as redes sociais, vieram dar uma amplitude nunca vista à nossa capacidade individual enquanto comunicadores. De algumas dezenas de produtores de informação, passámos a ter milhões de pessoas a produzir conteúdo, com todos os prós e contras que isso acarreta.
Vivemos atualmente na Era Digital. E o que significa isso? Muitas coisas… Mas sobre isso falaremos nas próximas crónicas.