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Estudo indica que plantas que crescem em ambientes salinos podem substituir o sal das refeições

4 Fevereiro 2022
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

4 Fev, 2022

Plantas halófitas (que crescem em ambientes salinos) podem substituir o sal nos alimentos: esta é mais uma das conclusões do estudo inserido no projeto IDEAS4life (Novos Ingredientes Alimentares de Plantas Marítimas) da Universidade de Coimbra onde a portomosense Aida Moreira da Silva é uma das investigadoras e coordenadora. A mais recente planta estudada foi a beldroega-do-mar mas já outras plantas foram analisadas para o mesmo fim, nomeadamente a salicórnia. «Já tínhamos trabalhado com a salicórnia como substituto de sal nas cozinhas, inclusive tivemos uma parceria com uma grande empresa alimentar que produziu umas crackers bastante interessantes, entretanto, outro parceiro do projeto, o Instituto Superior de Agronomia, também esteve a desenvolver trabalhados com crackers e isso foi publicado recentemente na revista Foods», explica Aida Moreira da Silva.

Depois foi a vez da halimione portulacoides – que as investigadoras batizaram como beldroega-do-mar – ser testada. «Desenvolvemos novos produtos alimentares, a manteiga e a pasta fresca, onde substituímos o sal por esta planta desidratada e também publicámos esse trabalho», revela. A experiência «funcionou muito bem»: «Todo o painel de provadores atribuiu características favoráveis na comparação entre a manteiga tradicional versus a manteiga na qual foi adicionada a planta», isto em termos de sabor. Melhor ainda que a comparação em termos de sabor é a comparação em termos nutricionais. «Esta planta é rica em minerais essenciais para a saúde humana e também noutros componentes, os designados antioxidantes, moléculas que têm a capacidade de impedir a propagação dos radicais livres que tão mal nos fazem à saúde», frisa a investigadora. A grande vantagem deste tipo de estudos, considera, é permitirem «apresentar soluções às empresas de produção alimentar para poder melhorar o nosso dia-a-dia e poder diversificar a nossa alimentação com plantas que a Natureza nos oferece e que nascem espontaneamente».

Atualmente já existe, por exemplo, «produção controlada de salicórnia», embora ainda em número reduzido e não há muito tempo. «Quando o projeto teve início não havia a comercialização destes produtos, claro que não somos só nós que estamos nesta linha de investigação mas pensamos que demos um pequeno contributo para que isto acontecesse», salienta. Quanto à beldroega-do-mar, Aida Moreira da Silva não tem conhecimento «de qualquer comercialização» e refere ainda que esta era uma planta «desconhecida para maior parte da população». Até ao final do projeto, a investigação vai continuar no caminho das plantas halófitas: «Vamos focar-nos na preparação de extratos destas plantas marítimas e fazer um escrutínio ao nível dos seus constituintes moleculares para percebermos bem determinados efeitos que temos verificado no laboratório».

Este projeto começou em julho de 2018 e tinha prevista, inicialmente, uma duração de três anos. «O projeto foi prorrogado até julho deste ano porque devido à pandemia os trabalhos laboratoriais ficaram comprometidos e por isso foi pedido à Fundação para a Ciência e Tecnologia a prorrogação», explica Aida Moreira da Silva. Uma das conclusões deste estudo, divulgadas pel’O Portomosense em 2020 foi a existência de «propriedades anticancerígenas no extrato da camarinha», tendo a experiência ocorrido «em linhas celulares do cancro do cólon».

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