José Conteiro

Fogos, água e desleixo

12 Set 2022

Há 38 anos comprei um terreno de um emigrante, no centro da Cumeira de Cima. Limpei-o, vedei-o e fiz lá a minha segunda habitação. Plantei cerca de 400 choupos no vale por onde passam as águas da nascente pública do Brejo. Ao longo de todos estes anos zelei o choupal e suas zonas adjacentes, disciplinei e aproveitei as águas. Os choupos cresceram, engrossaram, foram cortados e o terreno novamente limpo. Durante todo este tempo, tenho passado algumas noites sem dormir, sempre que ouço falar de fogos. É que confinam com o meu, dois terrenos, não visíveis da estrada principal e que não são limpos há mais de quarenta anos. É um paraíso para javalis e outras espécies e fonte de muitas preocupações, embora se localizem a uma distância razoável da zona urbana, porém confinante com ela. Durante dezenas de anos o mau exemplo era dado pela autarquia que não limpava, nem zelava, o espaço público do Brejo. Finalmente foi ajardinado e está aprazível, mas este melhoramento foi arrancado a ferros e teve a intervenção de vários executivos da Junta de Freguesia do Juncal e camarários. Falta alcatroar algumas dezenas de metros que ligam aquele espaço à Rua Nossa Sra da Luz.

Ainda na Cumeira de Cima há um espaço arborizado que se localiza entre o Canto da Cumeira e o Casal de Além (Aljubarrota), mas que está todo no concelho de Porto de Mós. É de vários proprietários que o vão limpando de quando em vez, mas de uma maneira desencontrada, resultando daí um perigo eminente para algumas dezenas de habitações e inclusive para os prédios de apartamentos no Bairro Novo. Para agravar a situação, está inserido neste espaço um pequeno eucaliptal com cerca de 1000 m2 que já não é limpo há anos. O proprietário parece ser uma advogada que o herdou e que nunca é vista por estes sítios. Há anos que venho falando nisto e até já fui ao GIPS de Alcaria fazer esta reclamação. Lá manifestaram mais preocupação em saber a minha identidade do que a origem da minha preocupação.

Já que falei em Alcaria, e como todos sabem, a Fórnea (que será Fórnea e não Fôrnea, e muito menos Fornea como está escrito, no local, em algumas placas sinaléticas) é um local muito badalado e, aquando das primeiras chuvas é motivo para muitos comentários nas redes sociais e com lindas fotos das águas correntes que brotam da serra. Também sempre tenho comentado essas fotos e lamentando que no local e ao longo do rio Lena não haja represas, charcas e pequenas albufeiras para reterem as águas que no Verão tanta falta fazem. Não vejo e não ouço qualquer comentário, de responsáveis, nem constato qualquer iniciativa prática sob estes aspetos. Andarei eu noutro planeta?