O Estado e a Cultura

14 Outubro 2022

Flávio Ulisses Cardoso

Outubro. Época frutífera! Não só no sentido agrícola como em orçamentos participativos e… no do Estado.

Foi com muita atenção que esta semana ouvi o nosso Ministro das Finanças, Fernando Medina, a apresentar as linhas orientadoras do Orçamento para 2023, principalmente no que toca à Cultura.

Apesar da reivindicação (já de barbas branquinhas) para que o Orçamento contemple um mísero ponto percentual a este setor, o ano que se avizinha traz no sapatinho um aumento mas que continua a representar apenas 0,43% da despesa total consolidada do Executivo. De notar que, o orçamento da RTP (as diferentes rádios e televisões) é consagrado neste bolo.

Então… deixem-me pensar em “voz” alta. Se quem de 0,43%, retirar os orçamentos da RTP, Museus Nacionais (apoio aos que já existem e criação de outros), infraestruturas afetas às diferentes atividades, orquestras e coros nacionais, etc, etc, etc, quanto sobrará para o movimento cultural associativo?

Sim! A Cultura não é só aquela que é feita nos grandes palcos para fruição das massas! Não é só a parte visível de quem aprecia do lado da plateia! Não é apenas uma exposição ou concerto de um artista consagrado! Não apenas o lançamento de uma obra literária digna de um Nobel.

E a Cultura local? As escolas de dança, cinema e teatro? As escolas de música, bandas e coros? As iniciativas das bibliotecas na criação de leitores e autores? As associações etnográficas que preservam viva a nossa tradição secular? A arte plástica e de rua? Entre tantas outras formas de Cultura. Nenhuma delas o é?

Ainda há uns dias falei com alguém pertencente à Federação Nacional de Bandas Amadoras e que me mostrou o trabalho árduo que está a ser feito para que estas sejam contempladas perante o Governo central.

A mim, apraz-me saber que o poder autárquico da nossa região (não só do nosso concelho) ainda apoia muitas das iniciativas que mencionei mas… ainda há tanto a fazer.

Não querendo parecer um pregador cultural, não posso deixar de dizer o que me vai na alma e no qual acredito religiosamente.

Cabe a cada um de nós preservar cada uma destas associações e iniciativas, seja através da mera quotização ou participação nos seus órgãos sociais. Cabe-nos assistir às exposições, horas de poesia, espetáculos de teatro, concertos, cinema de artistas locais, e tantas outras manifestações culturais.

Sim. A nossa presença é fundamental para que a Cultura se mantenha viva e para que o Estado central (pelo menos) tente chegar ao famigerado 1%.

Já fez Cultura hoje?

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