A pandemia pode ter feito tudo abrandar, o vírus pode ainda ser um obstáculo, mas portomosenses de coração e alma a uma coisa nunca falham… às Festas de São Pedro. Não há bicho que os impeça de petiscar caracóis e de beber boa cerveja, enquanto estão encavalitados, uns em cima dos outros, nos bancos das famosas tasquinhas.
Os Santos Populares são a altura do ano que mais gente traz a Porto de Mós. Uma vila que, na maioria dos meses, parece só ter cem habitantes, de repente, durante uns dez dias, vira o Santuário de Fátima durante as peregrinações. Ela enche-se de gente, seja com quem vem de fora e quer conhecer a terra ou, até mesmo, com quem sempre viveu lá. É uma tradição e, até para mim, já fazia falta! Não só porque gosto e tinha saudades das festas, mas porque estava com medo de aparecer numa fotografia daquele grupo de Facebook que utilizam para recordar o São Pedro dos anos anteriores. Eu não sei como iria explicar à minha mãe que um dia decidi ir para dentro da vacada dançar ao som das músicas do Zé Café e Guida. Digam o que disserem, eu só bebo água!
O São Pedro regressou e, este ano, traz consigo passeios de charrete e camas elásticas! Admito que tive de ir à internet ver o que são “camas elásticas”, porque achava que era uma nova categoria de colchões e que iríamos poder experimentar. Mas não. É apenas outra maneira de dizer “trampolim”. Se eu soubesse que aquilo era uma cama, já tinha pedido uma para o meu quarto há mais tempo. O resto do programa é o habitual e que sempre uniu os habitantes. Contudo, o que me deixa um pouco triste são os concertos.
Não sei quem já teve oportunidade de ver os cabeças de cartaz deste ano, mas eu esperava ter aqui o Quim Barreiros e o seu acordeão. Temos a Rosinha que é uma boa substituta de “pacote” – boa Cátia, referiste a música “Eu Levo no Pacote” para relacionar a troca de um homem por uma mulher, mesmo não sabendo se alguém entendeu – e ainda alguns artistas que foram tirados do The Voice Portugal e que, tal como os jurados do programa, eu também estou às cegas porque nunca os ouvi na vida. Tirando a mulher que descasca bananas, os únicos que conheço são o Diogo Piçarra e os Quinta do Bill. Confesso que, para as saudades que tinha destas festas, esperava ver outros nomes no cartaz. Mas ao menos ninguém se lembrou do regresso da Maria Leal e do seu novo hit português “Este Agosto”. Portanto, nada está perdido.
Porém, por mais novidades que apareçam, o que me leva a gostar tanto do São Pedro não é o programa ou os concertos, é sim as pessoas. As saudades que tinha de conviver com os meus amigos e com a minha família, enquanto pitamos um pica pau e bebemos sangria, é algo que só nas Festas de São Pedro em Porto de Mós encontro. E é, ao fim de dois anos, que todos nós vamos matar essa saudade.