Como se sabe a freguesia das Pedreiras foi criada em Dezembro de 1924 e, naturalmente, não havia muitas das condições exigidas, e essas mesmas necessidades foram reivindicadas em duas locais publicadas no jornal leiriense “Voz do Povo” de 27 de Janeiro e de 3 de Fevereiro de 1927.
Desconhece-se quem seria o correspondente local, mas verifica-se pelos escritos que tinha uma visão avançada sobre algumas necessidades da freguesia há pouco criada, nomeadamente, a criação de uma escola feminina ou a criação de um segundo lugar de professora, assim como “a canalização das águas para o sítio da feira dos treze” ou até o arranjo de alguns caminhos “sem ser a fingir”.
Depois de lembrar à Junta que devia pedir auxílio à Câmara de Porto de Mós, o articulista pedia a criação de uma estação postal para a freguesia e também a criação “para as Pedreiras de uma Escola de artes e ofícios a fim de fazer dos canteiros verdadeiros artistas”.
Falava ainda de se arborizar a serra “ou fazer dela alguma coisa que se veja”, o que realmente nunca viria a acontecer, perguntando de seguida “Quando é que a Junta consegue algo da Câmara de Porto de Mós, para que o médico municipal vá pelo menos uma vez por semana às Pedreiras?”, ao mesmo tempo que pedia que se concertassem as fontes, com as necessárias condições higiénicas para que a freguesia tivesse água potável.
O correspondente das Pedreiras da “Voz do Povo” adiantava também que se estaria toda a vida a fazer perguntas “sem que as respostas fossem dadas” e ironizava seguidamente que há “homens cuja cabeça só tem utilidade para cabide de chapéus e que andam no mundo porque vêem cá andar as outras pessoas”.
O primeiro artigo terminava com uma alocução referente ao “mestre Joaquim Veríssimo, homem honrado e trabalhador que não tem papas na língua”, apelando aos “senhores da Junta” que se “mostrem homens e façam alguma coisa de jeito e que se veja”.
Já o segundo artigo da “Voz do Povo”, publicado na semana seguinte, começava por lembrar que também pertenciam à freguesia os lugares de “Barreiro, Pé da Serra, Tremoceira e Eiras…”e que a “esta infeliz freguesia falta tudo, desde a água aos caminhos, à assistência médica e à instrução do povo”.
Falava depois de “uma questão de flagrante oportunidade e de certa gravidade”, que se trata “nem mais nem menos do que o alargamento do cemitério que não satisfaz para a população e que constitui um perigo iminente”, no caso de se verificar uma epidemia nas Pedreiras.
O correspondente das Pedreiras finalizava a local dizendo que “há junto à pedreira grande, donde tem saído a pedra branca, uma preciosidade artística que a Natureza criou que é uma gruta, cuja abóbada num permanente estado de cristalização seria digna de ser exposta ao público, se aquela entrada não parecesse um covil de feras”.