Tendo como base o livro de Godofredo Ferreira “A Mala-Posta em Portugal”, editado em 1946, ficamos a saber que “a criação da Mala-Posta de Lisboa a Coimbra ocorreu em 1798 e funcionou até 1804”, sabendo-se também que a primeira carreira, “que circulava no troço entre Lisboa e Coimbra, foi inaugurada a 17 de Setembro de 1798 e realizava-se durante o dia no período invernoso e, pela noite dentro, no Verão, de modo a fugir do calor”.
Também J. M. Reis Guimarães, na publicação “A mala-posta de Lisboa ao Porto”, explica que “era na estalagem dos Carvalhos, perto de Porto de Mós, que se estabelecia o encontro das diligências partidas de Lisboa e Coimbra; mas esta experiência do Estado saldou-se em fracasso, já que a falta de clientela e o temor previsível de Napoleão invadir Portugal fez suspender o serviço em 4 de Maio de 1804”.
Mas, ao que se sabe, além dos motivos indicados para o encerramento deste serviço, foi também o de “a má gestão, especialmente no que toca à alimentação para o gado, e a falta de passageiros”. As carruagens “comportavam apenas lugares para 4 passageiros e poucas vezes teve a lotação completa”, salvo na época de abertura ou encerramento das aulas da Universidade de Coimbra “em que a afluência era maior”, embora nessas ocasiões se optasse por uma diligência maior.
O edifício da estalagem dos Carvalhos ficava à beira da estrada “era só de um piso com cerca de 45 metros de frente por 34 de fundo, e tinha cómodos para oito passageiros das duas diligências, e ainda para os cocheiros, sotas e condutores das malas de correio”. À frente da casa “ficavam os quartos, sala de jantar, cozinha, dispensa, etc.; e na parte da trás a cavalariça muito ampla. Os dois corpos eram separados por um largo pátio onde se guardavam os carros”, explica Godofredo Ferreira.
Segundo o regulamento de utilização da Mala-Posta “sahirá a Diligência de Lisboa nas Segundas, Quartas e Sextas, pelas cinco horas da manhã: nos mesmos dias, e hora partirá a diligência de Coimbra, e se ajuntarão ambas nos mesmos dias até às nove horas da noite em a nova Estalagem dos Carvalhos, aonde para cómmodo e descanço dos Viajantes estarão as Diligências paradas até ás cinco horas da manhã de Terças, Quintas e Sabbados, e nestes três dias devem entrar em Lisboa e Coimbra até ás nove horas da noite”.
Assim sendo, depreende-se que “os passageiros, no segundo dia de viagem almoçavam, descansavam e jantavam ali, e só retomavam a jornada às 5 horas da tarde”, mas “logo que se chegava a meio do mês de Setembro voltava-se ao horário de Inverno, viajando-se de dia e dormindo-se a noite nos Carvalhos”, revela o autor.