«Cresce aqui o entusiasmo por esta festa a que se busca dar toda a imponência», assim iniciava o semanário O Portomozense, na sua edição n.º 22, datada de 10 de junho de 1899, uma local relacionada com a participação do Círio de Porto de Mós às festas em honra de Nossa Senhora da Nazaré.
Segundo o articulista, havia grande entusiasmo na preparação do círio, uma vez que «grandes e pequenos, ricos e pobres, todos unidos n’uma vontade única, dispõem-se a cooperar com todas as forças da sua vontade e da sua bolsa», para que a promessa sagrada «com tanta fé feita, se cumpra brilhantemente este anno».
Para além disso havia interesse do «administrador da Caza da Nazareth, Polycarpo dos Reis Cavalleiro» que queria que mantivessem «as regalias de tantos anos do Círio de Porto de Moz, que será o primeiro a festejar e será recebido com todas as honras que lhe competem».
Pelo que se depreende da notícia, o Círio de Porto de Mós não terá estado presente nas festas de Nossa Senhora da Nazaré durante algum tempo, e este seria um convite à participação nos festejos de novo.
De modo a responder ao convite, formou-se uma Comissão organizadora do Círio e foram nomeadas comissão paroquiais que, nos diversos lugares do concelho, «recolherão os donativos do povo entendendo-se com a Comissão Central de que são delegados».
Segundo as publicações das edições seguintes de O Portomozense, reinava grande entusiasmo na população do concelho pela participação do Círio nas festas da Nazaré.
Contudo, o povo do concelho contribuiu com os seus donativos, embora um pouco abaixo do esperado, pois estava «sobrecarregado de tributos, parcas colheitas, as décimas por pagar, os filhos por vestir, não tenha a mais pequena hesitação na esmola, dispense o mais necessário para que a Virgem seja solemnemente festejada».
Assim sendo, o povo portomosense «já vê a solemnidade e grandeza da romaria e a grande prova de consideração e estima a que tem de responder», o que faz com que «a grande commissão nomeada pense, como cremos, seriamente nas responsabilidades que lhe competem, e Porto de Moz levará dignamente a effeito uma festa como nunca fez».
No entanto e como sempre acontece com todos os eventos, há sempre críticas pelo que se faz, o que também aconteceu com a realização deste Círio, o que levou a comissão a dizer que «o Círio de Porto de Moz não é uma manifestação política. É um acto religioso de agradecimento à Santíssima Virgem da Nazareth e mais nada».
Para alegria dos críticos, surgiu em finais de agosto de 1899 uma determinação governamental que proibia «todas as feiras e romarias do paiz», o que originou o cancelamento das festas da Nazaré e consequentemente a não participação do Círio de Porto de Mós, com a promessa de participar no ano seguinte.