Como prometemos no último texto das Achegas, voltamos ao assunto da restauração da diocese de Leiria, com a luta desenvolvida em O Portomozense, pelo padre alqueidoense Júlio Pereira Roque (Jupero).
Falámos um pouco do primeiro artigo relacionado com este assunto, publicado na edição número 244, datada de 28 de Novembro de 1903, daquele semanário que tinha por título O nosso Alvitre, com o subtítulo A restauração do bispado de Leiria.
Hoje, resumimos o que escreveu Jupero na edição número 245, datado de 5 de Dezembro de 1903, que começava por referir que «o resultado já obtido com a nossa cruzada, altamente sympathica e singularmente patriótica, incita-nos a prosseguir com mais coragem e dedicação, pugnando pela restauração do nosso Bispado».
Salientando o desejo que não falte «o auxílio de todas as classes, sem o qual a nossa benemerita campanha ficaria sem o exito por que todos aspirámos», o articulista contava com o apoio indispensável «da classe ecclesiastica que, por mais de um motivo, nos deve prestar a sua valiosa cooperação».
Depois de apelar ao clero dos concelhos de Leiria e Porto de Mós para a união desta causa, o padre Júlio Pereira Roque diz que se isso não acontecesse «ficaria em má situação se tal se desse, o que, nem por hypotese queremos admitir», pois «seria mesmo uma injuria para o respeitavel clero leiriense», pelo que estamos certos da «valiosa cooperação do clero leiriense bem como a adesão do clero dos outros concelhos pertencentes ao extinto Bispado», pelo que também «appellamos cheios de confiança para a numerosa classe commercial da historica cidade de Leiria».
Reforçava o apelo ao comércio de Leiria «com a esperança de seremos attendidos, para a reintegração do nosso Bispado, pequeno em territorio, mas grande em benemerencias», razão porque «não lhe pode ser indiferente», pelo que «esta classe ha de sentir os effeitos beneficos da consecução da causa que ardentemente aspirámos».
Lembrando que se tratava de uma classe animada de «espirito de solidariedade e união», Jupero adianta que não são poucos os «cavalheiros dignos, respeitaveis e cheios amôr proprio, sempre na brecha pelos progressos e inalienaveis regalias da sua terra».
O sacerdote de Alqueidão da Serra aponta para a criação de «uma commissão de cavalheiros pertencentes á classe commercial, nomeada com plenos poderes, que se associasse ou mesmo tomasse a iniciativa – ao clero leiriense, (porque n’esta questão não deve haver o sentomento digno de prioridades que muitas vezes são o sufficiente para frustar o bom exito de qualquer empreza, ainda que justa) trabalhando de commum accordo para unificação de boas vontades e aspirações communs».
Voltaremos ao assunto.