Ana Narciso

Elevador

2 Nov 2023

O Ciclo de Conferências sobre “Ditadura e Democracia, que História? Que Presente? que Futuro?”, organizado pela Câmara Municipal, tem trazido diversas personalidades com sensibilidades diversas, deixando alertas constantes sobre a fragilidade da democracia, os perigos das redes sociais e das falsas notícias. Interessantes e desafiadoras para a construção do nosso futuro coletivo.

Na sétima sessão que decorreu, no passado dia 13 de outubro, Paulo Portas trouxe a visão dos conservadores e o testemunho relevante que registei com agrado: “Foram sempre os Conservadores que negociaram a Paz” e deu dois exemplos: Winston Churchill e Charles de Gaulle. Não houve contraditório, nem fui verificar, mas apreciei este testemunho. Assim como tomei devida nota, num outro registo mais pessoal, sobre a sua família: divergentes nas opções e soluções políticas, mas unidos e firmes no que os une; o elo familiar. E aqui há diferenças significativas: leituras que se fizeram, conversas que se ouviram, amigos que se visitaram, ou seja; o berço e todo o seu contexto. É destino? Dirão alguns. É sorte? Dirão outros? Pode ser, mas não é uma inevitabilidade. Como contrariar? Como fugir à sorte ou ao destino? Através do elevador social – escola.

Depende do esforço de cada um, apesar de tudo. Podem não ter a família cheia de contraditório político e cívico, mas têm na escola a oportunidade de aceder a esferas do conhecimento e do saber que elevam o ser humano a outro patamar; depende apenas e só do esforço de cada um e da vontade inequívoca de mudar. Se e quando a família/famílias ensinarem, através do exemplo, que a solidariedade, o respeito mútuo, o trabalho e a disciplina são pilares fundamentais para a construção do ser humano, a escola terá oportunidade de ampliar e de fortalecer esse ser ainda em construção e ainda num processo educativo. Quando tudo se conjuga, poderemos ter líderes informados e formados para um mundo que não sobreviverá sem tolerância, sabedoria e empatia pelo outro. Apanhem este elevador.

O ditado é velho: o Saber não ocupa lugar. E já não se enfatiza, apenas, o Saber Teórico mas todo o Saber: Técnico, Social, Ambiental, Informático. Saber interpretar e confirmar factos é agora a palavra de ordem. É importante frequentar, tertúlias, sessões temáticas, conferências, clubes temáticos e interagir com os outros. É fundamental. Quem sabe se o elevador escolar não os leva à liderança política e cívica no futuro?

Quem não quer uma cidadania activa e crítica, capaz de questionar, de reivindicar e, sobretudo, de desmontar discursos e opiniões vazias de sentido, que apenas subsistem se o contraditório não for factual e fortemente fundamentado. A escola pode ajudar.

O outro elevador é o casamento, mas esse está com problemas a longo prazo. O elevador escolar é mais seguro, é pessoal e intransmissível!

Boa Viagem!