Há por aí doenças para todos os gostos e feitios: ligeiras ou graves, assintomáticas ou com sintomas, que o corpo cura por si mesmo ou que requerem tratamento, crónicas ou agudas, limitativas, transmissíveis, hereditárias, auto imunes, degenerativas, terminais, etc.
É certo que um indivíduo não terá todas as doenças do mundo, mas é também certo que terá algumas ao longo da vida. É certo que algumas são evitáveis, mas também é certo que, de outras, não se pode fugir. É certo que não se gosta delas, mas também é certo que se gosta menos de umas do que de outras.
Até aqui, caro leitor, goste ou não goste, terá de concordar comigo porque escrevo a verdade, baseado em factos. Suponho que também concordará que ir a um consultório médico receber um diagnóstico poderá ser uma experiência angustiante. Ser diagnosticado com uma doença, mais grave ou menos grave, será sempre pior do que estar saudável.
Agora, num exercício fantasioso, imagine esta maravilha: estar perante um médico e, em vez de receber um diagnóstico, poder escolher um, como quando vai ao restaurante! A experiência seria imediatamente melhor. O paciente chega ao consultório e pede o menu. O médico apresenta-lhe uma folhinha com as opções disponíveis, dá-lhe umas dicas sobre os acompanhamentos e aconselha-o sobre as doenças especiais do dia. O paciente, com base nas opções disponíveis, toma uma decisão e escolhe a doença que bem entender: – “Ora deixa lá ver o que há aqui hoje… hepatite não me parece bem, sarampo é para os miúdos, conjuntivite não me dá jeito porque tenho que conduzir, infeção urinária é chato porque a casa de banho está longe e uma perna partida dói um bocado. Ó Doutor, está difícil escolher. Acho que vou optar pela unha encravada no pé esquerdo.”
Quem é que não gostaria que assim fosse? É certo que alguma doença tenho de ter! Boa nunca será, mas poder escolher entre uma grave ou uma menos grave seria brilhante.
Diga-me agora, caro leitor, porque é que não se aplica o mesmo aos partidos e aos políticos? É certo que não há nenhum que seja ideal, que satisfaça todas as ambições individuais e coletivas de forma completa. É certo que não há nenhum partido que seja absolutamente correto, mas também é certo que não há nenhum que seja absolutamente errado: há uns melhores (ou piores) que outros. É certo que a política e os políticos são, na sua grande maioria, uma desilusão, mas também é certo que é necessário que existam. Então, se a sua existência é forçosa, porque raio é que vou deixar os outros escolher por mim?
Voltando à nossa divagação, preferiria o leitor escolher a sua doença ou que fosse outro a fazê-lo por si? Bom nunca vai ser, mas poderá ser melhor ao invés de pior. No dia 10 de março, vá escolher a sua doença, já que tem a sorte de o poder fazer.
Pode ser que escolha uma que ainda tenha remédio.