A silly season, traduzida pelo dicionários da Porto Editora como “estação ridícula”, remete para “o período do ano de menor intensidade informativa nos media, geralmente o período de verão”. É uma expressão comumente utilizada na política, considerando o período de pausa ou desaceleramento dos trabalhos políticos no período do verão. E, enquanto endossante de cada um trabalhar a gestão emocional para conseguir desligar e descansar fisicamente, psicologicamente e emocionalmente, são estes períodos que, com calma, nos permitem refletir.
Aliás, atrever-me-ia a apontar que, de “ridícula” esta estação não tem nada. Comecemos pelo óbvio. A necessidade das famílias se reunirem, filhos voltarem às terras e a carga de trabalho reduzir são fatores estruturais a vidas saudáveis. Mas, também politicamente, há uma relevância basilar que não pode ser desmerecida. Sendo que política não é facilmente descrita, esta pode adotar vários significados. Encontram-se sempre presentes, no entanto, as teias sociais das relações que sustentam a governação. A existência de uma sociedade que estabelece diferentes tipos de relações é, na verdade, a base do fenómeno político.
Ora, se assim o é, quando há uma maior aproximação e, até, um reforço, destes laços sociais, há consequentemente uma alteração das dinâmicas políticas. É, nas festas da aldeia, nos almoços de domingo, nas barracas da praia, nos piqueniques de fim-de-semana, nas idas à piscina municipal, nos churrascos dos Santos, que se cria a ligação à terra. Que os jovens que por Lisboa são obrigados a estar, se voltam a sentir em casa. Que os com mais idade, que no inverno pouco vêem a luz do dia, voltam a sentir o movimento da aldeia. É na apanha da maçã e da pêra ou na visita aos primos. Que mais somos, Porto de Mós, que não esta identidade característica.
É com olhos tristes que se encontra a falta de sustentabilidade do ciclo geracional. São mais os que vão, do que os que vêm ou ficam. Pois se isto não é matéria política, encontramo-nos com as prioridades trocadas. Isto deve ser o foco. A pertença e a vontade de pertença, a identidade, a característica. Esta unificação das teias sociais, das amizades e das famílias. Estes são os momentos que definem quem fica e quem vai, quem é e quem será a população do Município.
Se os eventos políticos estão mais desacelerados, a política não o está. Mas não nos preocupemos, afinal férias são férias e está na altura de irmos a banhos. Setembro chegará, e com ele um novo Orçamento. Para este sim, convém estarmos bem descansados.